sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Estudos no Sermão do Monte / parte 33 - A Regra de Ouro

 

A REGRA DE OURO

 

Estudo 33 de "Estudos no Sermão do Monte"

 

“Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.” (Mateus 7:12 RC)

 

            Apenas algumas observações precisamos fazer acerca desta que ficou sendo conhecida como a "regra áurea", ou a "regra de ouro:

 

            1) PRIMEIRA OBSERVAÇÃO: Era uma regra já existente e, certamente, bem conhecida dos judeus, uma vez que um de seus rabinos – Hilel – a havia proferido, em termos negativos (NÃO faça o que NÃO queres que lhe façam), cerca de 100 anos antes. Diz-se que um gentio, interessado na religião judaica, solicitou ao grande Sacerdote Shamai que se equilibrasse em uma perna e, no tempo que conseguisse ficar nessa posição, lhe ensinasse a substância da lei. Shamai, indignado, lhe virou as costas. Então o gentio fez o mesmo pedido a Hilel, e este, equilibrando-se em uma só perna, citou Tobite 4.15: "O que odeias, não faças a ninguém", e depois acrescentou: "O que te for odioso não faças a teu próximo. Isso resume a Torah inteira. Tudo o mais é interpretação".

 

            2) SEGUNDA OBSERVAÇÃO: Apesar de ser uma regra já existente, Jesus lhe dá novo sentido ao proferi-la de forma positiva, dizendo "faça o que queres que lhe façam". No sentido negativo a regra é passiva, mas nos sentido positivo ela torna-se ativa, o que demonstra que no Cristianismo não é simplesmente a abstinência de pecado e simplesmente a abstinência de más ações para com o próximo que interessam; antes, o que interessa e o que se ensina é a bondade positiva. Não se trata de simplesmente "NÃO fazer o mal", e sim de "fazer o bem".

            Algo semelhante temos em 1 Coríntios 13, o capítulo do amor. Duas das características do amor ali exposto são:

 

a) A paciência – na versão ARC lemos que "o amor é sofredor". O termo para "sofredor" é “makrothumeo”, que tem o sentido de ser demorado em enfurecer-se, paciente, longânimo, não abatido facilmente pelos insultos sofridos e que não busca vingança sobre aqueles que lhe injuriam (difamam, insultam, ofendem).

 

b) A benignidade – "o amor é benigno", isto é, age bondosamente.

 

            A paciência é, então, um aspecto do amor que refreia uma possível atitude má de nossa parte em retribuição a algo mal feito por alguém contra nós. Mas a benignidade vai além: ela nos leva a realizar feitos bondosos. É o amor em ação, que age bondosamente não apenas com os que lhe são favoráveis, mas também com os que lhe são contrários.

 

            A "Regra de Ouro", conforme proferida por Jesus, é positiva, e não negativa; é ativa e não passiva.

 

            3) TERCEIRA OBSERVAÇÃO: O termo "portanto" ou "pois" é tradução de uma partícula que significa "então, por esta razão...", constituindo-se em elo de ligação entre o que foi dito anteriormente e o que será dito imediatamente. Nas palavras de Champlim:

 

"Pois" se refere aos ensinos dos primeiros onze versículos, especialmente os ensinos referentes ao julgamento do próximo. Mas a atitude de Deus, ao dar a seus filhos aquilo que necessitam, ilustram a atitude que devemos assumir em relação aos nossos semelhantes. A atitude comum aos homens é fazer contra os outros as mesmas coisas que os outros lhes fazem, e essa atitude domina a vida da maior parte dos homens... [Mas] os discípulos do reino devem imitar a natureza de Deus, e não dos homens. A reciprocidade não transparece nos pensamentos de Jesus. A base deste ensino é o espírito de amor e misericórdia. O maior exemplo desse espírito foi dado por Deus. Os homens que se interessam pelos ensinos de Deus devem imitar a Deus nesse particular.

 

            4) QUARTA OBSERVAÇÃO: Minhas atitudes para com os outros não devem ser influenciadas "de lá para cá horizontalmente", isto é, não devem sofrer influência daquilo que o meu próximo faz comigo/por mim/em relação a mim; minhas atitudes para com os outros devem ser influenciadas "de lá para cá verticalmente", isto é, devo agir para com os outros conforme Deus age para comigo e/ou conforme Ele me orienta, em Sua Palavra, a agir. E como é que Ele orienta? Um exemplo que resume tudo temos aqui mesmo no Sermão da Montanha, em 5.38-48 – (Para um pouco mais de entendimento veja os estudos 20, 21 e 22 em www.prwalmir.blogspot.com.br)

 

            5) QUINTA OBSERVAÇÃO: Devemos continuar sempre fazendo o que queremos que os outros nos façam, mesmo que eles não correspondam à nossa ação. As reações negativas dos outros não nos dão "direito" de parar de observar esta "regra de ouro".

            Em Romanos 12.21 lemos: "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem". **Vencer** e **vence** são traduções de uma mesma palavra do original deste texto, e tem o sentido de **conquistar**. Então, o servo de Deus deve ser o **conquistador** e não o **conquistado**, isto é, ele deve permanecer firme na sua fé até à morte diante do poder se seus inimigos, tentações e perseguições.

            Em o "Comentário Bíblico Popular" lemos alguns exemplos interessantes:

           

            Primeiro sobre não se deixar vencer do mal:

 

Darby explica a primeira parte desse versículo da seguinte forma: "se a má índole de outra pessoa o leva a reagir com maldade, você se deixou vencer do mal".

 

O eminente cientista George Washington Carver disse: "Jamais permitirei que outro homem estrague a minha vida fazendo-me odiá-lo". Como Cristão ele recusava-se a deixar-se vencer do mal.

 

            E, segundo, sobre Vencer o Mal com o Bem:

 

Edwin M. Staton (1814-1869), advogado e político Norte Americano, não escondia seu ódio de Abraham Lincoln. Afirmou que era tolice ir à África em busca de gorilas quando se podia encontrar um em Springfield, Illinois, cidade onde Lincoln morava na época. Lincoln não respondeu às provocações. Posteriormente nomeou Staton ministro da guerra, pois o considerou a pessoa mais qualificada para esse cargo. Depois do assassinato de Lincoln, Staton afirmou que o presidente havia sido o maior líder de todos os tempos. O bem havia vencido o mal.

 

            Repetindo a observação: Devemos continuar sempre fazendo o que queremos que os outros nos façam, mesmo que eles não correspondam à nossa ação. As reações negativas dos outros não nos dão "direito" de parar de observar esta "regra de ouro".

 

 

            Creio que estas observações nos bastam, então, paro por aqui deixando com vocês a responsabilidade de raciocinar mais, tendo em mente a orientação bíblica como um todo, acerca dessa palavra colocada por Jesus dessa forma.

 

 

Clamando sempre pela misericórdia do Senhor, para que nos ajude a viver como convém a filhos do Pai Celestial,

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

 

Muqui, Setembro de 2013

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PARA ESTAS CONSIDERAÇÕES:

 

BOL 3.0 Módulo Avançado (Strongs) – SBB

 

Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento – William Macdonald – Mundo Cristão

 

Estudos no Sermão do Monte – Martyn Lloyd-Jones – Editora Fiel

 

O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo – R. N. Champlim – Candeia

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