sexta-feira, 12 de julho de 2013

Estudos no Sermão do Monte / parte 26 - O Jejum

O JEJUM

 

Mateus 6.16-18

 

01. O jejum é a terceira ilustração apresentada por Jesus sobre como devemos nos conduzir nesta questão da retidão pessoal.

02. A questão das esmolas diz respeito às nossas atitudes em relação ao nosso próximo; a da oração diz respeito à nossa relação íntima com Deus; e essa questão do jejum diz respeito à disciplina espiritual/pessoal.

03. Ora, temos noção de que talvez, nessa ocasião, tudo que Jesus tencionou dizer sobre essa disciplina pessoal é que “ela não deve ser praticada com a intenção de ser vista pelos homens” isto é, não deve ser praticada como uma espécie de exibicionismo; entretanto, uma vez que tal disciplina, por diversas razões, quase que tem desaparecido do cenário das práticas evangélicas, será bom discorrermos um pouco mais além da verdade exposta no texto de que o objetivo nunca deve ser o de ser visto pelos homens. Mas só um pouco mais nos será suficiente nesta matéria. E o que podemos considerar?

04. Primeiro, podemos considerar o fato de que Jesus nunca foi contra e nunca proibiu o jejum.

a.    Ele mesmo jejuou quarenta dias e quarenta noites logo após o seu batismo;

b.    Quando lhe é perguntado sobre o porquê de seus discípulos não jejuarem ele responde: podeis vós fazer jejuar os convidados das bodas enquanto o noivo está com eles? Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado, e, então, naqueles dias jejuarão. (Lucas 5.34 e 35)

c.    Ao mencionar o jejum aqui no sermão da montanha, Jesus não se posiciona contra; ao contrário, fornece orientações sobre a atitude quando se estiver jejuando: não ficar se exibindo e até esforçar-se para que ninguém perceba que se está jejuando.

05. Segundo, os apóstolos também nunca se posicionaram contra o jejum e o jejum era praticado na igreja primitiva. Alguns textos que podemos ler para constatar essa verdade são: Atos 14.19-23, 2 Coríntios 5.21-6.5, Atos 13.1-3...

06. A terceira e óbvia consideração, diante das considerações anteriores, é que, se assim o é, o jejum é uma prática que podemos e devemos observar.

07. A quarta consideração pode ser, então, sobre os tipos de jejum. São três os tipos mais comuns:

a.    O jejum parcial – que é o jejum em que se abstém apenas de alguns e não de todos os alimentos – parece ter sido esse o jejum de Daniel em 10.1ss.

b.    O jejum “normal”, que é o mais típico, e que consiste da abstinência de todos os alimentos, porém não de água. Esse é o mais recomendável no caso de jejuns mais longos.

c.    O jejum total – nem comida e nem água. Não deve ser praticado por períodos muito longos.

08. A quinta consideração pode ser, porque talvez haja alguém interessado quanto a isso, quanto à duração do jejum. Bom, na bíblia não temos uma “regra geral quanto a isso”, mas temos alguns exemplos:

a.    O jejum parcial de Daniel durou “três semanas completas”, vinte e um dias, portanto.

b.    Em 1 Samuel 7.6, quando o povo de Israel se congregou diante do Senhor em Mispá, reconhecendo e arrependendo-se de seus pecados, jejuaram, ao que parece, por um dia.

c.    Jesus jejuou por quarenta dias e quarenta noites.

 

Então, “quanto tempo?” – Não há uma regra geral do tipo: “por essa causa x dias e por aquela y dias”. Parece que cabe a quem vai jejuar decidir por quanto tempo vai fazê-lo; se durante o dia, alimentando-se à noite; se por dois ou três dias...

 

09. Talvez a sexta consideração possa ser o “por que” do jejum. Por que jejuar? Por que abster-se de alimentos por algum tempo? E a resposta mais correta é que o jejum deve ser feito visando algo que você julga especial, uma busca de certos alvos especiais, não sendo, portanto, uma prática rotineira. Em geral, faz parte de uma “busca pessoal por algo especial”. Não deve ser um “programa da igreja”. Talvez a igreja possa, em alguma ocasião específica e por um objetivo específico, incentivar um jejum coletivo, mas não deve ser algo corriqueiro.

a.    Na Bíblia encontramos diversas razões pelas quais houve (pode/devehaver) jejum. Cito algumas só para os irmãos terem uma ideia:

                                  i.    Consagração (Nm 6:3-4) – Abstinência parcial (apenas de certos “alimentos”) em um período de consagração ao Senhor;

                                ii.    Arrependimento de pecados (I Sm. 7:6);

                               iii.    Enfermidade (Sl 35:13) – Davi pelos enfermos;

                               iv.    Intercessão (Dn 9:1ss) – Daniel orando pelo povo;

                                v.    Preparação para a batalha espiritual (Mt 17:21);

                               vi.    Enviar missionários (At 13:1ss);

                              vii.    Ordenações de pessoas que vão ficar à frente da igreja (At 14:23).

10. A sétima consideração é que, além do que Jesus já disse ser errado ao jejuar, isto é, jejuar “para ser visto pelos homens”, numa espécie de exibicionismo, há outras maneiras erradas de se praticar o jejum, sendo algumas delas:

a.    Jejuar de maneira mecânica, isto é, o “jejuar por jejuar”; talvez o “jejuar para cumprir um calendário da igreja”. Isso é extremamente errado, dentre outras coisas por fazer do jejum uma finalidade em si mesmo.

                                  i.    E é válido dizer isso não apenas do jejum, mas de qualquer outra prática cristã – se a fazemos apenas para cumprir um programa traçado, se fazemos “por fazer”, erramos.

b.    Jejuar, mas não orar. Creio até ser desnecessário dizer que o jejum está relacionado de perto com a oração...

c.    Jejuar quando se está vivendo em pecado e não há arrependimento e nem quebrantamento de coração – Veja Jeremias 14.10ss

d.    Jejuar sendo soberbo e hipócrita – Veja Lucas 18.9ss

 

11. Creio nos serem suficientes essas considerações acerca desta última das três ilustrações apresentadas por Jesus neste ponto do sermão da montanha, e concluo, então, relembrando aos irmãos que mais importante que as ilustrações propriamente ditas é o princípio por elas ilustrado, que é princípio de que qualquer coisa que fizermos que não a façamos para sermos vistos / elogiados / valorizados... por quem quer que seja.

 

Principal fonte para esse estudo:

Estudos no Sermão do Monte – M. Lloyd-Jones – Editora Fiel

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