terça-feira, 25 de agosto de 2009

ORAÇÃO E FÉ PERSEVERANTES

 

 

Lucas 18:1-8

 

1.    Crisóstomo disse sobre a oração:

 

O poder da oração tem vencido a força do fogo e dos raios; refreado a fúria dos leões; tem feito desaparecer a anarquia e abolido guerras; tem alcançado os elementos em fúria e expelido demônios; tem partido os grilhões da morte e alargado as portas do céu; tem mitigado as enfermidades e repelido as fraudes; tem livrado da destruição cidades inteiras. A oração é uma panóplia [armadura, escudo] toda suficiente, um tesouro inexaurível, uma mina que nunca acaba, um firmamento jamais obscurecido por nuvens, um céu nunca perturbado pela tempestade. É a raiz, a fonte, a mãe de mil bênçãos.

 

2.    Alfredo Lerín conta:

 

(Orar é Trabalhar) – Um pastor visitava uma piedosa velhinha, membro de sua congregação. Ela era deficiente e estava presa ao leito havia muito tempo.

- Irmã, lamento muito ter chegado atrasado – desculpou-se o ministro – pois tive que percorrer toda a vila antes de dirigir-me à sua casa.

- Eu também, pastor, acabo de dar uma volta em todo o povoado.

- Como é possível? A senhora não pode sair da cama!?

- Ah! – retrucou a anciã – todos os dias percorro a vila, os lares dos meus bondosos irmãos, por meio das minhas orações, sem mover-me daqui."

 

3.    Em 03 de Agosto de 1943, no jornal O Estado de São Paulo, foi publicada uma nota pelo cronista de guerra Wickhman Steed. A nota dizia que

 

"um dos comandantes vencidos na África recebera ordem de lutar até o último homem e até o último cartucho. Recebendo-a, comprometeu-se a executá-la fielmente. Tentou fazê-lo, mas, dias depois, entregava-se juntamente com duzentos mil veteranos e farta munição de guerra. Como se explica que um chefe, tendo à sua disposição tal número de combatentes perfeitamente equipados, assim se renda? A resposta, quem no-la dá é o próprio articulista: "O chefe militar perdera a fé na vitória".

 

4.    No texto bíblico que lemos está claro que Jesus fala sobre a importância e a necessidade da perseverança em oração. Mas deixa claro também sobre a importância de perseverar-se na fé. Não só a oração perseverante, mas a fé perseverante também é algo de extrema importância para os crentes.

5.    Tenhamos uma visão geral do texto:

a.    V. 1 – "Nunca desfalecer" – Nunca ceder ao mal, nunca acovardar-se ou perder o ânimo diante de qualquer mal que venha a circundar.

b.    V. 2 – Um juiz que não temia a Deus e nem respeitava aos homens certamente era um juiz que não tinha nenhuma consideração pelos outros. Interessava-se apenas por si próprio. Um homem de caráter totalmente repreensível.

c.    V. 3 – Uma viúva (pelo menos naquela época) pode ser o símbolo das pessoas desamparadas e indefesas. Essa viúva precisava de ajuda para resolver uma questão. Essa ajuda precisava ser a de um juiz, e o único que tinha era aquele iníquo.

d.    Vs. 4-5 – A viúva certamente não tinha como subornar aquele juiz, e seu único recurso foi importuná-lo. E deu certo. O juiz iníquo, para não ser mais importunado, fez-lhe justiça.

e.    Vs. 6-7 – Jesus voltará para executar a justiça divina. Se um juiz como aquele, iníquo, fez justiça a alguém, ainda que só para se ver livre de uma importunação, quanto mais Deus fará justiça aos seus escolhidos.

f.     V. 8 – Entretanto fica a questão: Quando Jesus vier para fazer justiça haverá pessoas ainda firmes na fé? Deus será fiel, mas pode o mesmo ser dito acerca dos homens?

6.    Tomando esse texto como base pensaremos hoje sobre a grande importância de perseverarmos na oração e também na fé.

 

I. A Grande Importância da Perseverança na Oração

 

1.    Começar a criar o hábito da oração é fácil. Perseverar, preservar esse hábito, entretanto, é difícil. Algumas vezes algo nos impulsiona a começarmos a orar:

a.    uma mensagem;

b.    um desafio;

c.    uma necessidade;

d.    um súbito temor da morte;

e.    algumas ferroadas momentâneas na consciência, etc.

2.    Quando, porém, esses "agentes impulsionadores" se vão, eles costumam levar consigo também o nosso desejo de orar.

3.    Possuímos uma inclinação íntima para fazer apressadamente as nossas orações, sermos negligentes quanto a elas e até mesmo de evitá-las por completo.

4.    Mas Jesus deixa claro no texto que ele valoriza a oração perseverante.

5.    Veja outros trechos da Palavra de Deus que enfatizam a importância da oração perseverante:

 

a.    Romanos 12:11-12: "Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;  alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração"(RC)

b.    Efésios 6:18: "orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos"

c.    Filipenses 4:6: "Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças." (RC)

d.    Colossenses 4:2: "Perseverai em oração, velando nela com ação de graças; (RC)

e.    I Pedro 4:7: "E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios e vigiai em oração." (RC)

f.     I Tessalonicenses 5:17: "Orai sem cessar." (RC)

 

6.    John F. MacArthur Jr., em "Chaves Para o Crescimento Espiritual" diz assim:

 

"O cristianismo é a coisa mais maravilhosa que existe no universo! No entanto, muitos de nós temos de ser constantemente lembrados de como é maravilhosa a vida cristã. Precisamos apenas dar uma olhada no livro (carta) de Efésios, o qual nos mostra que somos ricamente abençoados (1:3), escolhidos (1:4), aceitos (1:6), e perdoados (1:7). Em Cristo somos sábios (1.8), ricos (1.11), e estamos seguros (1.14). Estamos vivificados com vida nova (2.5). Somos objetos da graça eterna (2.7). Somos obra prima de Deus (2.10) e estamos próximos de Deus, em uma união misteriosa com Ele e com todos os outros crentes (2.13). Somos um corpo (2.16), com acesso a Deus por meio do Espírito (2.18). Somos o templo de Deus (2.21) e a habitação do Espírito (2.2). E em nós opera o poder de Deus (3.20). Que declarações extraordinárias! Quão grandiosa é a vida cristã quando examinada à luz do que somos em Cristo! Não precisamos merecer essa posição exaltada, pois ela já é nossa através de nossa salvação no Senhor Jesus Cristo... Os três últimos capítulos de Efésios vão além desse aspecto posicional de nossa vida cristã, entrando no aspecto prático. Por exemplo, devemos andar inteligentemente (4.17), andar no amor de Deus (5.2) e andar na luz (5.8). Essa apresentação do aspecto prático do cristianismo não tem semelhante em toda a Palavra de Deus. Qualquer crente que estudar Efésios cuidadosamente e concluir que falta alguma coisa em sua vida, estará errado. Não precisamos ter mais do Espírito Santo, mais amor, mais graça ou de qualquer outra coisa. Em Cristo, temos tudo. Temos tudo que precisamos para crescer e alcançar a maturidade. Aqui, porém, surge um problema potencialmente destrutivo. Eu o chamo de superconfiança espiritual ou egoísmo doutrinário. Há um perigo latente na vida dos crentes que possuem um conhecimento profundo de doutrinas e uma compreensão efetiva dos princípios espirituais práticos. É o perigo de se tornarem auto-suficientes e acharem que não precisam de nada. Então, a oração constante, fervorosa e que procede do fundo do coração não será encontrada em suas vidas. ... Por terem conhecimento, permitem que uma autodependência evolua, eliminando a vitalidade de uma verdadeira vida de oração. Paulo ordena que os crentes orem sem cessar, a fim de se guardarem desse perigo. Ele nos chama a uma vida de oração. Não importa o quanto já temos em Cristo, temos de orar. A oração é uma chave essencial para o crescimento espiritual.

 

7.    Agora notem, amados, que a oração perseverante no texto em questão, no nosso texto base, tem como motivo o retorno de Cristo para fazer justiça aos seus escolhidos. A aparente demora de Jesus não deve fazer-nos esmorecer. Mas um grande problema que temos é que somos "terrenos" demais. Oramos para termos saúde, dinheiro, moradia, tranqüilidade, para sermos livres de toda e qualquer dificuldade, etc., e não digo que isso seja errado. Entretanto, quando foi a última vez que oramos pedindo o retorno de Cristo? Queremos o paraíso na Terra, aqui mesmo onde estamos. Talvez isso seja resultado do fenecimento da expectativa da igreja de Jesus quanto à sua Segunda Vinda.

8.    A oração deveria ser algo natural para o crente; deveria ser como a sua própria respiração   

9.    J. C. Ryle, em "Meditações no Evangelho de Lucas diz:

 

"O cristianismo autêntico começa e floresce na prática da oração; ou decai na falta dela. A oração é uma das primeiras evidências da conversão (At.9.11). Negligenciar a oração é ficar vulnerável à queda no pecado (Mt.26.40-41)"

 

10. MacArthur, em seu livro já citado acima, conta de um homem em sua igreja que não se descuidava nesse assunto da oração. Ele orava por tudo e por todos. Na casa dele havia uma pilha de cadernos, vários cadernos onde ele mantinha registrado motivos de oração e as respostas de Deus.

11. Façamos de nossa vida uma vida de oração perseverante. Em primeiro lugar oremos pelo retorno de Cristo para buscar a sua igreja. Depois pelos milhares de motivos que temos para orar. Oremos uns pelos outros. Façamos listas, compremos cadernos se necessário for, mas vamos orar perseverantemente e esperar que Deus responda às nossas orações.  

 

II. A Grande Importância de se Perseverar na Fé.

 

1.    No versículo 8 Jesus questiona: "Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra? (Lucas 18:8 RC)

2.    Será por que a igreja dos tempos atuais ora tanto por tudo o mais, e tão pouco, ou talvez até nada, pelo retorno de Cristo? Será por que se ouve tão pouco o grito que vem da alma: "Ora, vem Senhor Jesus"? Será que isso não é indício de que nós já estamos perdendo um pouco, se não da fé, pelo menos daquela expectativa gostosa da volta de Jesus para os seus?

3.    É bom pensarmos bem nisso, pois Jesus parece dizer aqui que nos tempos do fim a verdadeira fé será escassa.

4.    Cultivar a fé, perseverar na fé, crescer na fé, é algo que merece a nossa atenção. Um crente jamais deve se permitir esmorecer na fé.

5.    Se Jesus retornar hoje, como ele lhe encontrará, no que diz respeito a esse assunto? Cumprir-se-á em sua vida aquela "desconfiança" de Jesus, ou ele lhe encontrará firme na fé?

6.    Das maneiras de se cultivar a fé perseverante, penso que duas são as mais importantes: O estudo, a meditação séria na Palavra de Deus e uma vida de oração perseverante, observando as respostas de Deus.

 

Conclusão

 

1.    A viúva da parábola é um exemplo de oração e fé perseverantes (ainda que se dirigisse a um juiz terreno e que ainda, para piorar, era iníquo). Ela não esmoreceu no seu clamor e nem na sua confiança de que a justiça lhe seria feita.

2.    E nós? E você? Como está a sua vida de oração e como está a sua fé?

3.    Encerro com uma história:

 

Certo missionário veterano, ao voltar para a China, depois de longa ausência, foi visitado por um chinês que fora convertido em seu ministério, e este trouxe consigo seis novos convertidos, que ele levou a Cristo, tirando-os da degradação e do vício do ópio. "Qual o remédio que você lhe deu?" – perguntou o missionário. A única resposta do chinês foi indicar, de modo significativo, os próprios joelhos, querendo dizer que a oração intercessória fora o segredo de tão grande vitória. Não há como negar, a oração feita com fé é um dos mais importantes recursos de que dispomos, especialmente na realização da obra divina...

 

            Pr. Walmir Vigo Gonçalves

Porto Meira – Setembro de 2009

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